O problema da gratificação instantânea

O problema da gratificação instantânea:

Há três ano escrevi aqui um post a argumentar que era melhor oferecer um script que um telemóvel como prenda de Natal. Quando coloquei a questão na altura o afluxo às lojas de telemóveis em Portugal era completamente incompreensível.


Hoje em dia as coisas são diferentes.


Os telemóveis passaram a chamar-se smartphones, e o bom senso já é mais prevalecente, sendo poucas as pessoas que cometem a loucura de trocar de telemóvel smartphone de dois em dois anos (a menos claro que tenham capacidades financeiras para tal).


Mesmo assim, achei que seriam interessante rever e actualizar os argumentos que utilizei na altura e voltar a comparar as diferenças entre oferecer um smartphone ou um script neste Natal.




  • Custo inicial – A maior parte dos scripts ou ferramentas que aqui aconselho custam muito menos que qualquer smartphone. Aliás, pelo preço de um smartphone topo de gama comprava-se todo um conjunto de scripts e ferramentas de trabalho online. Neste aspecto a vantagem vai então para o script.



  • Custo ou rendimento mensal – Ao contrário de um script, um smartphone representa (mais) uma despesa mensal. Para as pessoas que compram telemóveis subsidiados (aqueles que são “oferecidos”) esta despesa mensal é um compromisso para alguns anos, é mais uma despesa a juntar ao orçamento familiar. A compra de um script por seu turno pode começar a gerar receita quase imediatamente. Com um mínimo de esforço um investimento no script de sites de jogos começa a dar rendimento passadas poucas semanas.



  • Valor residual – O valor residual de um bem é o valor pelo qual pode ser vendido passado um determinado período de tempo. No caso de um telemóvel, e devido aos avanços tecnológicos, o valor residual ao cabo de 2 ou 3 anos é zero. No caso de um script, que pode ser usado para desenvolver muitos sites, estes têm um determinado valor de venda que varia em função do rendimento que geram, portanto, é bem possível que o investimento num script hoje possa render alguns milhares de Euros se optares por vender os sites daqui a alguns anos.



  • Produtividade – Embora seja mais fácil dizer que os smartphones de hoje podem ser usados para aumentar a produtividade e eficiência, a realidade é que a grande maioria das pessoas usa o telemóvel para coisas muito pouco produtivas, como por exemplo aceder e actualizar o Facebook e jogar jogos. Como prova disso, é que apesar de ter uma das mais elevadas taxas de penetração de telemóveis no mundo, Portugal é o “campeão de baixa produtividade”.



  • Bom para a economia do país – Portugal não produz telemóveis, e como tal, todos os telemóveis vendidos em Portugal são importados, o que como sabemos não é bom. Para além disso, as operadoras também são quase todas elas detidas, em parte ou na sua totalidade, por empresas estrangeiras, e como tal, é mais dinheiro que vai para fora do país. É verdade que os scripts também não são feitos em Portugal, no entanto, a riqueza gerada pelos respectivos sites fica na nossa economia.



  • Impacto social – Os telemóveis sempre tiveram um impacto negativo no ambiente familiar, e isto ainda antes do aparecimento do Facebook, portanto imagino como será agora. As pessoas passam mais tempo no Facebook do que a conversar com quem os rodeia. Por seu lado, investir num script e desenvolver sites, trabalho que pode ser feito desde casa, pode até ser positivo para o agregado familiar ao permitir que se passe mais tempo com o cônjuge e filhos (para quem os têm).


Como podem ver, há claras vantagens em oferecer um script ou uma ferramenta de produtividade este Natal em detrimento de um telemóvel. Mas será que estou mesmo a dizer-vos para oferecerem um script alguém?


Claro que não, até que abrir uma caixa com um telemóvel ou perfume é bem mais divertido do que “abrir” uma anuidade paga da Aweber :-D


A mensagem que quero transmitir é que devemos pensar duas vezes antes de optarmos pela gratificação instantânea, aquilo que nos traz um “prazer” imediato, como a compra de um telemóvel novo, e pensar antes em qual será a melhor forma de investirmos o nosso dinheiro (um recurso limitado) de forma que daqui a alguns meses, ou anos, possamos de facto ter um nível de vida muito melhor.


Esta ideia de gratificação instantânea não se aplica só a forma como aplicamos o nosso dinheiro, mas em especial à forma como gastamos o nosso tempo. Andar constantemente em jantaradas, ir para a noite, e deitar-me às 6 da manha todos os dias pode parecer uma boa ideia hoje, mas, e se em vez disso, eu dedicar mais tempo a desenvolver os meus sites?


Daqui a um ano, os que seguirem o caminho da gratificação instantânea vão estar na mesma merda em que estão hoje, mas aqueles que pensarem um bocadinho à frente, e investirem o dinheiro e tempo em algo que lhes possa trazer riqueza a médio e longo prazo podem certamente aspirar a uma vida melhor! Quem sabe, daqui a um ano também podes ser tu a fazer 4 ou 5 viagens por ano, visitar Paris, Marraquexe, Londres, e jantar em restaurantes com estrelas Michelin?


E tu? Como geres o dinheiro e tempo? Queres gratificação instantânea ou tentas pensar um pouco à frente?



O post "O problema da gratificação instantânea" foi publicado no Blog do Dinheiro.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Acessando cotações da Bovespa no Calc do LibreOffice

Jogo Oregon Trail para iPhone, de graça por tempo limitado